No Dia Internacional contra a Discriminação Racial e Dia Mundial da Infância, vale refletir como contribuir para uma educação antirracista
É evidente que o racismo gera impactos duradouros, talvez permanentes, na vida das crianças brasileiras, visto que é por causa dele que crianças pretas, por exemplo, têm menos acesso a direitos básicos, como saúde, educação e uma alimentação adequada.
Um estudo do Centro de Desenvolvimento Infantil da Universidade de Harvard reforçou essa percepção, afirmando que o racismo estrutural — e aqui é importante considerar não só o racismo escancarado como o velado — tem efeitos no aprendizado, no comportamento e na saúde física e mental das crianças. Isso porque se entende que o racismo é uma forma de estresse constante, que gera um desgaste crônico, podendo ser associado até mesmo às doenças crônicas que essa população tem ao longo da vida.
Em resumo, nascer com características étnico-raciais não-brancas, em um país estruturalmente racista, é determinante. E é por isso que ações antirracismo devem ser pensadas desde a primeira infância. Mais do que isso, essas ações devem ser ensinadas e difundidas para que o combate, um dia, também seja estrutural.
Veja a seguir 6 maneiras de educar crianças contra o racismo:
1. Promova a pluralidade no dia a dia da criança
É muito importante que crianças tenham contato com raças e etnias diferentes das suas em todos os espaços que ocupam, como casa, sala de aula ou o próprio parquinho. Conviver com o diferente faz as crianças entenderem desde sempre que isso é (ou deveria ser) o comum.
2. Valorize e respeite as diferenças
Em soma ao convívio com o diferente, tem a valorização e o respeito a essa diversidade. É preciso reforçar como a troca os faz aprender e crescer de forma mútua. Por exemplo, levando a criança a espetáculos em que o protagonismo é de pessoas negras.
3. Participe de iniciativas para exemplificar
Uma frase clichê, mas que funciona: seja o exemplo da sua criança. Ao participar de projetos e iniciativas que promovam o antirracismo ou a diversidade, você estará colocando em prática tudo o que incentiva em sua fala.
As crianças costumam se inspirar nos adultos que têm por perto. Então aprenda, participe, mostre que você também se engaja.
4. Incentive o consumo de conteúdos educativos do tema
Uma ótima forma de aprendizado para as crianças são os conteúdos que elas consomem, sejam em desenhos, livros ou músicas. A UNICEF, por exemplo, tem o projeto “Deixa que eu conto” que traz histórias em áudio de vários temas, entre eles o afro-brasileiro, para o resgate e empoderamento identitário do povo preto.
5. Acolha
Apesar de toda a luta antirracista, se a sua criança for uma criança preta, indígena ou amarela no Brasil, é provável que ela enfrente ainda na infância o preconceito da sociedade. Nesses momentos não há nada mais a se fazer: acolha. Escute o que ela tem a dizer, reforce suas qualidades e suas forças, trate-a com carinho. Não é coisa de criança. É racismo.
6. Denuncie
Por fim, ensine à sua criança, independente da raça, que a qualquer ato sutil de racismo, o que lhe cabe é denunciar. É preciso ensiná-las a não normalizar os atos criminosos e serem aliadas nessa luta. O Governo Federal tem o Disque Direitos Humanos — Disque 100, para denúncias de racismo e discriminação.