O ano de 2020 reservou muitos desafios para a sociedade, e com o Preparando o Futuro não foi diferente. Celebrando seus 13 anos, a iniciativa do PiPA de combater a desigualdade no ensino de jovens do 9º ano das periferias tinha planos ambiciosos: expansão do número de turmas, atividades extracurriculares, visitas às ETECs e orientação vocacional. Com a chegada da pandemia e a necessidade de isolamento social, esse sonho foi colocado na quarentena. Adiamos calendários, inscrições, e aguardamos… Adiamos novamente, recalculamos datas, e esperamos… Por fim, acabamos recolhendo todo o exército de voluntários na tristeza de perceber que, neste ano, o projeto não poderia seguir seu curso original. Quem andou pelas periferias sabe que essa pandemia trouxe à tona mais um aspecto da desigualdade social brasileira: o acesso à internet e a uma educação aos moldes digitais com qualidade está restrito apenas a uma parcela privilegiada da sociedade. Na Brasilândia, pouca assistência foi dada nas escolas, e mesmo onde houve algum tipo iniciativa EAD, os alunos não puderam contar com assistência adequada para realizar a transição.
Como conter, depois de mais de uma década ajudando jovens a sonharem e construírem seu futuro apesar dos déficits da educação pública, o desgosto de imaginar a periferia impotente diante desta situação? Como falar de educação e carreiras em 2020 sem falar de digitalização? Impossível. E com a certeza de que não poderia se render, nosso exército de voluntários seguiu na luta… Durante a quarentena, o Cursinho se reuniu, desenhou, discutiu e perseguiu a resposta para a pergunta: Como viabilizar o ensino à distância de alunos que não possuem internet ou computadores? A solução passa por diversos atores, cada um essencial para o sucesso do sonho.
Primeiro, buscamos maneiras de garantir que os alunos teriam a infra-estrutura necessária: um ambiente sanitariamente seguro, e equipamentos que permitissem o acesso remoto a conteúdos de qualidade. Essa parte está garantida graças aos benfeitores que ajudaram com a arrecadação de recursos na nossa última campanha! Em segundo lugar, focamos nossa atenção para os professores voluntários. Aqui, uma grande revolução começou – nossos mestres viraram alunos e passaram pela experiência de aprender, à distância, como ensinar, à distância! É isso mesmo; aproveitamos o caos de 2020 para bagunçar a cabeça dos nossos professores – e abrir espaço para um novo sonho, mais ambicioso: um sistema híbrido de ensino, no qual os alunos alternam conteúdo digital com aulões e dúvidas e são acolhidos para que consigam se adaptar à nova modalidade de ensino. Por fim, encontramos o elo para que aluno e professor pudessem se encontrar, em plena quarentena, sem internet: a escolha de uma plataforma de ensino offline, fornecida pela Learning Equality: o voluntário prepara a aula e o conteúdo, o Cursinho leva para o aluno no ambiente controlado. Os alunos evoluem em suas trilhas de ensino, e o Cursinho reporta, quase em tempo real, o progresso dos alunos. E os acolhedores acompanham tudo de perto – ou bem de longe! – tirando dúvidas e preparando esses jovens para o mundo.
Assim o Cursinho “sai” da quarentena: seguindo no seu propósito de oferecer, aos jovens de periferia, as ferramentas necessárias para construir um futuro digno e uma educação integral, que os permita agir com consciência na sociedade. A educação à distância, e a vida através dos meios digitais parece ser um caminho sem volta. O nosso sonho é um só: transformar vidas através da educação. E o Cursinho vai se reinventar quantas vezes for preciso para realizá-lo.