Muitos serão os traumas pós pandemia, é quase um “terra à vista” a esperança de que tantas vacinas apresentem-se promissoras e nos façam planejar um novo futuro necessário.
Dentre tantos setores afetados negativamente o da educação pode ser o mais crítico e de maior tempo para reestabelecimento da normalidade. Entretanto a efetividade na normalidade da educação já era questionada há tempos e terá duplo desafio: como manter e potencializar as novas práticas adotadas virtualmente e, principalmente, como reengajar os alunos.
Nós do PiPA, cuja missão é buscar o protagonismo e autonomia de jovens e adolescentes de nossa área de atuação na periferia da Zona Norte de São Paulo – SP, dentro de nossa ação do Projeto Preparando o Futuro queremos dar o suporte necessário para correções de ensino e inclusão digital efetiva dos jovens nos anos finais do Ensino Médio.
Nossa voluntária Olívia Cueva, brilhantemente apresentou no artigo O SONHO DE EDUCAR NA QUARENTENA todos nossos medos e propostas, nesse artigo quero apresentar e desenvolver um pouco mais a prática de nosso novo PREPARANDO O FUTURO.
“Como conter, depois de mais de uma década ajudando jovens a sonharem e construírem seu futuro apesar dos déficits da educação pública, o desgosto de imaginar a periferia impotente diante desta situação? Como falar de educação e carreiras em 2020 sem falar de digitalização?”
Olívia, O SONHO DE EDUCAR NA QUARENTENA
A condução do ensino particularmente me incomoda, por conta do foco no conteúdo em detrimento ao aprendizado do aluno, ou seja, se o conteúdo foi passado caminhemos para o próximo conteúdo. Obviamente essa linha de produção em massa estudantil não responde mais aos desafios de nossos tempos. Mesmo que a maioria dos profissionais da educação não aplique mais esse paradigma, as mudanças estruturais são mais lentas de serem percebidas.
Como apresentado nesse vídeo (link) da plataforma Khan Academy, o aprendizado por domínio preocupa-se com a formação das bases dos alunos e é em partes nesse conceito que elaboramos os novos moldes do Preparando o Futuro.
Corroboram também para nossa iniciativa esse artigo (link) publicado ainda em maio de 2020 no Instituto Unibanco com orientações para ações durante a pandemia e pós pandemia, sendo que no cenário pós pandemia a preocupação com uma boa avaliação diagnóstica e reforço é indicada para evitar a temida e tão prejudicial evasão escolar.
Nosso novo projeto terá a seguinte linha de jornada do aluno:
1. Avaliação Diagnóstica
Além do perfil de conteúdo assimilado e em desenvolvimento, avaliamos o nível de acesso tecnológico, assim ofertarmos suporte de acesso e equipamentos aos que precisem.
A seguir modelo de avaliação dos conteúdos, conforme BNCC, de matemática do 6o ano. O papel do TRILHEIRO é ter o primeiro contato com o aluno e elaborar e aplicar os questionários avaliativos e iniciar a jornada do aluno.
2. Definição de objetivos
Com o perfil do aluno, o TRILHEIRO e o ACOLHEDOR traçam os objetivos para conclusão nos 6 meses de curso, divididos em 3 módulos. O curso é assíncrono, será com compromisso de aprendizado constante e orientação com aluno, família e escola.
3. Início da Turma com o Acolhedor
Nesse momento o papel do ACOLHEDOR inicia junto ao aluno, que também é apresentado a sua turma, composta de 6 participantes, que caminharão por um módulo de 2 meses.
4. Estudos Semanais
Semanalmente incentivaremos aos alunos o consumo dos conteúdos da trilha, com acesso pela nossa plataforma Kolibri, seja:
– modo online;
– acesso a rede comunitária (em financiamento pela campanha NOVO FUTURO)
– em plataforma móvel em escolas e locais parceiros, com uso de equipamentos adequados e com tempo dedicado ao estudo.
Todo consumo é sincronizado e o aluno pode dar continuidade nos estudos em quaisquer desses ambientes.
5. Acompanhamento de Progresso
Processo importantíssimo, de acolhimento, de escuta dos alunos, de entendimento das dificuldades, e, com suporte de professores especialistas, o acolhedor auxiliará semanalmente e orientará aos alunos. Esse acompanhamento será presencial ou virtual.
6. Saídas Monitoradas
Quem não tem uma memória afetiva gostosa dos passeios escolares? Pelo menos três vezes durante o curso teremos uma saída de exploração e conhecimento territorial; O papel de EXPLORADOR auxilia o ACOLHEDOR nessa atividade, buscando ativamente locais interessantes para descobertas e expansão das perspectivas e possibilidades. Além naturalmente das visitas às escolas técnicas que tanto nos ajudaram como cursinho pré-vestibulinho. Em nosso território temos um recorte claro que é “a ponte” no caso a ponte da Freguesia que separa os bairros centrais dos periféricos, assim ao levar os alunos a ambientes que normalmente não conheceria ou frequentaria tem um enorme potencial de transformação.
Em um repositório público terá a documentação das saídas culturais e visitas técnicas com roteiro, avaliação dos alunos e todo suporte para replicação das experiências em outras comunidades.
7. Fechamento com Projeto
O aprendizado é melhor compreendido quando colocado em prática. É válida a máxima “Onde que vou usar isso na minha vida” e pra fechamento das atividades o ACOLHEDOR fará sugestão de projetos. Os alunos escolhem um tema que lhes desperte interesse e o desenvolvem, fixando conhecimentos para encerrar um ciclo. Um “trabalho em grupo” turbinado em versão 4.0, os projetos preferencialmente terão enfoque na regionalidade e vivência do aluno, fazendo-o questionar algum problema e buscando com criatividade as soluções.
Da mesma forma que com as saídas monitoradas, o repositório com as experiências de projetos, aprendizados e resultados desenvolvidos pelos alunos será público.
Bom, esse é nosso formato, queremos despertar a paixão do saber, da curiosidade, da descoberta aos alunos de escolas públicas periféricas, em um ambiente de confiança, proximidade, escuta ativa, com desenvolvimento de todas potencialidades que possam dar resposta efetiva às necessidades de um NOVO FUTURO.
Gosdtaria exercer o voluntariado. Sou formado em filosofia; acredito que posso contribuir na área cultural e educcional.